A Constelação Familiar, de Bert Hellinger, aborda com profundidade o tema da consciência pessoal e da sua relação com a consciência coletiva

Dentre as inúmeras terapias inovadoras que vem surgindo nas últimas décadas, duas me chamaram muito a atenção: A Constelação Familiar, pela sua profundidade, e o TFT – Thought Field Therapy (Terapia do Campo do Pensamento), pelos resultados surpreendentes obtidos nos mais diversos tipos de tratamentos emocionais.

Uma abordagem terapêutica já muito conhecida entre os psicólogos e terapeutas holísticos no Brasil, dá um passo profundo indo além do campo de pensamento individual e descobrindo as perturbações existentes no campo de consciência coletiva que nos afetam individualmente e também a todos os membros da família.

A Constelação Familiar, de Bert Hellinger, aborda com profundidade o tema da consciência pessoal e da sua relação com a consciência coletiva. Hellinger descobriu, ao longo de mais de 40 anos de trabalho, diversas leis e dinâmicas que atuam na consciência coletiva dos grupos, em especial nas famílias.

Entre os principais princípios da alma familiar, ou consciência coletiva familiar, se destaca o seguinte:

Em primeiro lugar, todos os membros de uma família possuem o mesmo direito de pertencer. Esta consciência coletiva familiar vela pela completude do grupo, vela para que todos os que nasceram nessa família tenham o seu direito de pertencer à ela assegurado e não permite que ninguém, independentemente do motivo, seja excluído.

É nesse ponto onde a consciência pessoal entra em mais conflitos com a consciência coletiva. Por consciência pessoal, podemos entender tudo aquilo que pensamos, sentimos e fazemos, é o que chamamos de “eu”. No nível da consciência pessoal, crescemos e vamos aprendendo rapidamente os valores e comportamentos que estão em sintonia com a nossa família para dessa forma nos sentirmos seguros e garantidos em nosso direito de pertencer e, mais tarde, também com os grupos que passamos a pertencer na sociedade.

Aprendemos isso, portanto, desde pequenos de forma inconsciente e vamos aprendendo sobre o certo e o errado, bom e mau, sem que façamos uma reflexão consciente sobre o que é realmente bom ou mau, ou sobre a relatividade dos mesmos.

Quando agimos de forma considerada como errada ou má, a consciência pessoal sente, instintivamente, um medo de perder seu pertencimento ao grupo e ficamos assim com a consciência pesada, o que nos impele para agir de volta de acordo com os valores desse grupo ou família.
Da mesma forma, quando agimos, pensamos e sentimos em sintonia com esses valores, temos a chamada consciência leve e nos sentimos seguros no pertencimento à família ou ao grupo.

Agimos de modo similar com relação aos demais membros da família. Se outro membro agir de forma considerada errada de acordo com aquela família, caso nós compactuamos com ele, também sentimos nosso direito de pertencer ameaçado e por conta disso, temos a tendência a excluir e rejeitar essa outra pessoa. É baseado nos julgamentos da consciência pessoal entre o que é certo ou errado, bom ou ruim, que excluímos e também nos sentimos melhores ou superiores às demais pessoas.

Isso entra em conflito com a consciência coletiva familiar que cuida da completude da família, e também com a consciência espiritual que vela por todos os grupos e todas as pessoas da mesma maneira e com igual amor por cada um do jeito que é.

Para estas consciências mais amplas, não importam os motivos, cada um tem o mesmo direito de pertencer e assim a consciência coletiva familiar irá trabalhar para que o membro excluído seja incluído novamente.

E se este membro da família já tiver morrido?

Aí então começam os emaranhamentos inconscientes com os membros das novas gerações. A consciência coletiva irá fazer com que um descendente se identifique com seu antepassado excluído e repita seu destino, adotando seu tipo de comportamento e até sentimentos. São os chamados padrões que se repetem dentro de uma família, geração após geração.

Você já deve ter ouvido em sua família, ou na deconhecidos, um pai ou uma mãe comentando ao seu filho: “você é igualzinho ao seu avô (ou sua avó)”.

O trabalho das constelações familiares permite que estes emaranhamentos venham à tona durante uma sessão e que as pessoas da geração atual tenham a oportunidade de dar um lugar em seus corações para os excluídos das gerações passadas e dessa forma se libertarem desse emaranhamento inconsciente.

Muitas vezes isso pode levar algum tempo para acontecer, pois muitas emoções negativas, como raiva, mágoas e ressentimentos estão envolvidas na questão. Bert Hellinger diz que o efeito de uma constelação pode atuar por até dois anos para todos os membros da família. Porém, aplicando o TFT em conjunto com as Constelações Familiares, temos um resultado de cura potencializado!

Citei até agora apenas uma das formas de conflito e emaranhamentos entre a consciência pessoal e a coletiva. Existem diversas outras muito comuns. Vou citar aqui um tipo comum de emaranhamento que ocorreu na família de uma cliente que eu constelei em dezembro de 2012, quando tive a ideia de aplicar o TFT dentro da Constelação.

Nessa sessão, a cliente se queixou que sempre sentiu uma profunda tristeza desde sua infância, mas que não sabia qual era o motivo dela. Disse ter uma relação boa com seu pai, porém que sua mãe era uma pessoa muito distante.

Começamos a constelação e pelos movimentos dos representantes logo se mostrou evidente que a cliente sentia um profundo luto, mas que no entanto esse luto não era dela, mas sim de sua mãe que perdera seu pai (avô da cliente) ainda aos 9 anos de idade.

Sua mãe não se permitiu viver a dor desse luto na época, pois era doloroso demais para ela e reprimiu seus sentimentos, se tornando assim uma pessoa distante e fechada. Inconscientemente, a cliente sentiu essa dor de sua mãe e numa tentativa também inconsciente de ajudá-la, tentava ela mesma carregar a dor da mãe.

Isso, porém, segundo Bert Hellinger, embora seja muito comum os filhos tentarem “salvar” seus pais como um gesto de amor à eles, acaba apenas resultando em mais sofrimento para ambos, pois fere a hierarquia dentro da família e não permite que cada um carregue o que lhe compete. Nessa constelação, minha cliente e a representante de sua mãe choravam intensamente ao tomarem consciência da dor que sua mãe sentia pela perda do avô.

Como terapeuta, realizei algumas tentativas de intervenções para tentar integrar isso e permitir que essa dor do luto não vivido fosse transmutada, porém sem sucesso, parecia que não haveria solução nem nada que eu pudesse fazer. Então me ocorreu o insight e pedi para a cliente olhar para o representante de seu avô morto que estava deitado no chão e, ao mesmo tempo, fazer o tapping  nos pontos de TFT que tratam traumas!

Após completar uma rodada, em cerca de apenas dois minutos, a cliente parou de chorar e se sentiu muito aliviada! A representante da mãe ainda continuava a chorar, então pedi para ela também olhar para o seu “pai “ e orientei o tapping.

Da mesma forma, em apenas dois minutos ela parou de chorar e logo após realizou por si só, sem que eu intervisse ou orientasse, o movimento de aceitar a perda e o destino de seu pai e depois se voltar e olhar para seus filhos e para sua vida atual.

Dessa forma, a constelação trouxe à tona o trauma inconsciente que a cliente carregava e vivenciava em sua tristeza e o TFT acelerou o processo de integração e cura da dor luto que permitiu que ambas, a cliente e a mãe se libertassem desse emaranhamento.

Depois desse caso, continuei a trabalhar com as Constelações Familiares da forma como Bert Hellinger orienta, onde o terapeuta intervém o mínimo possível e somente quando está em sintonia com o movimento da consciência espiritual, e em muitos outros casos fui levado a aplicar o TFT dentro da Constelação quando esta parecia não ter solução.

O mais impressionante é que sempre que utilizei o TFT dentro da Constelação, após ele limpar as cargas emocionais negativas dos emaranhamentos, os representantes, naturalmente e por si mesmos, realizaram os movimentos de integração que desbloqueia e cura a alma familiar.

Um exemplo muito comum desse efeito, é quando um irmão está excluindo um outro irmão e um forte sentimento de raiva impede que haja reconciliação, então eu peço para que esse membro olhe para o irmão excluído, entre em contato com sua raiva e simultaneamente faça o TFT nos pontos que limpam a raiva.

Em cerca de minutos, toda a raiva simplesmente desaparece e surgem naturalmente os sentimentos de perdão e paz e o movimento de inclusão que permite dar um lugar na família e no coração ao irmão que antes era excluído.

Vejo que da união dessas duas poderosas abordagens terapêuticas abrem as possibilidades para cura em níveis cada vez mais profundos!
A Constelação como um excelente método para trazer à tona os traumas inconscientes e o TFT como uma incrível ferramenta para integrar e curar esses traumas!

Com alegria por compartilhar,
Leandro Percário

E ESPAÇO EQUILÍBRIO-  de Cascavel -Pr. 
Contato: 45 9929-6577

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