Infelizmente é fato o que andamos constatando em nossos crianças, adolecentes e jovens.
A nossa educação não está a serviço da evolução humana, mas sim da produção ou da socialização. Esta educação serve para adestrar as pessoas de geração em geração, a fim de continuarem sendo manipulados como cordeiros pela mídia. Este é um grande mal social, querer usar a educação como uma maneira de embutir na mente das pessoas um modo de ver as coisas que irá atender ao sistema e a burocracia. Nossa maior necessidade é evoluir na educação, para que as pessoas sejam o que elas poderiam ser.
http://estaremsi.com.br/a-educacao-que-temos-rouba-dos-jovens-a-consciencia-o-tempo-e-a-vida/
A nossa educação não está a serviço da evolução humana, mas sim da produção ou da socialização. Esta educação serve para adestrar as pessoas de geração em geração, a fim de continuarem sendo manipulados como cordeiros pela mídia. Este é um grande mal social, querer usar a educação como uma maneira de embutir na mente das pessoas um modo de ver as coisas que irá atender ao sistema e a burocracia. Nossa maior necessidade é evoluir na educação, para que as pessoas sejam o que elas poderiam ser.
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Claudio Naranjo tem dedicado sua vida à pesquisa e ao ensino em universidades como Harvard e Berkeley. Fundou o programa
SAT, uma integração de Gestalt-terapia, o Eneagrama e Meditação para enriquecer
a formação de terapeutas professores. Neste momento, lança um alerta
contundente: ou mudamos a educação ou o mundo
vai afundar.
– Você diz que para mudar o mundo é
preciso mudar a educação. Qual é o problema da educação e qual é a sua
proposta?
– O
problema da educação não é de forma alguma o que os educadores pensam que
é. Acreditam que os alunos não querem mais o que eles tem a
oferecer. Aos alunos vão querer forçar uma educação irrelevante e estes se
defendem com distúrbios de atenção e com a desmotivação. Eu acho que a
educação não está a serviço da evolução humana, mas sim da produção ou da
socialização. Esta educação serve para adestrar as pessoas de geração em
geração, a fim de continuarem sendo manipulados como cordeiros pela mídia. Este
é um grande mal social, querer usar a educação como uma maneira de embutir na
mente das pessoas um modo de ver as coisas que irá atender ao sistema e a
burocracia. Nossa maior necessidade é evoluir na educação, para que as
pessoas sejam o que elas poderiam ser.
A
crise da educação não é uma crise, entre as muitas crises que temos, uma vez
que a educação é o cerne do problema. O mundo está em uma profunda crise
por não termos uma educação voltada para a consciência. Nossa educação
está estruturada de uma forma que rouba as pessoas de sua consciência, seu
tempo e sua vida.
O
modelo de desenvolvimento econômico de hoje tem ofuscado o desenvolvimento da
pessoa.
– Como seria uma educação para a qual
sejamos seres completos?
– A
educação ensina as pessoas a passarem por exames, não a pensarem por si mesmas.
É um tipo de exame em que não se mede a compreensão e sim a capacidade de
repetir. É ridículo, se perde uma grande quantidade de energia! Ao invés
de uma educação para a informação, precisamos de uma educação que aborde o
aspecto emocional e uma educação da mente profunda. Para mim parece que
estamos presos entre uma alternativa idiota, que é a educação secular e uma
educação autoritária, que é a educação religiosa tradicional. Está tudo bem
separar o Estado e a Igreja mas, por exemplo, a Espanha, tem descartado o
espírito, como se religião e espírito fossem a mesma coisa. Precisamos que
a educação também atenda à mente profunda.
– Quando você fala sobre a
espiritualidade e a mente profunda o que quer dizer exatamente?
Tem a
ver com a própria consciência, com essa parte da mente da qual depende o
sentido da vida. Está se educando as pessoas, sem este sentido. Tampouco é uma
educação de valores, porque a educação de valores é demasiadamente retórica e
intelectual. Os valores deveriam ser cultivados através de um processo de
transformação pessoal e esta transformação está longe da educação atual.
A
educação deve também incluir um aspecto terapêutico. O desenvolvimento
pessoal não pode ser separado do crescimento emocional. Os jovens estão
muito danificados afetiva e emocionalmente pelo fato de que o mercado de
trabalho esta absorvendo os pais que não têm mais disponibilidade para os
filhos. Há muita carência amorosa e muitos desequilíbrios nas crianças. Não
pode aprender intelectualmente uma pessoa que está emocionalmente danificada.
O
lado terapêutico tem muito a ver com resgatar na pessoa a liberdade, a
espontaneidade e a capacidade de satisfazer seus próprios desejos. O mundo
civilizado é um mundo domesticado, tanto a formação, quanto a criança, são
instrumentos desta domesticação. Temos uma civilização doente que os
artistas perceberam há muito tempo e agora cada vez mais pensadores, percebem
também.
–A
educação parece interessada apenas em desenvolver as pessoas racionais. Que
outras partes mais poderiam ser desenvolvidas?
-Eu
coloco ênfase de que somos seres com três cérebros: temos cabeça (cérebro
intelectual), coração (cérebro emocional) e intestino (cérebro visceral ou
instintivo). A civilização está intimamente ligada à tomada do poder pelo
cérebro racional. No momento em que os homens predominaram no controle
político, cerca de 6000 anos atrás, instaurou-se o que chamamos de
civilização. E não é só o domínio masculino e nem só o domínio da razão,
mas também a razão instrumental e prática, que se associa com a tecnologia; é
este predomínio da razão instrumental sobre o afeto e a sabedoria instintiva,
que nos tem empobrecido. A plenitude só pode existir em uma pessoa que tem os
três cérebros ordenados e coordenados. Deste meu ponto de vista,
precisamos de uma educação para os seres com três cérebros. Uma educação
que poderia ser chamada de holística ou integral. Se vamos educar a pessoa
como um todo, devemos ter em mente que a pessoa não é apenas razão.
Ao
sistema convém que cada pessoa não esteja em contato consigo mesma e nem que
pense por si mesma. Por mais que se levante a bandeira da democracia, ele
tem muito medo que as pessoas tenham uma voz e estejam conscientes. A classe
política não está disposta a investir em educação.
– A educação nos faz mergulhar em um mar
de conceitos que nos separam da realidade e nos aprisiona em nossa própria
mente. Como se pode sair desta prisão?
Esta
é uma grande questão, uma questão necessária, no mundo educacional. A
ideia de que o conceitual é uma prisão, requer uma certa experiência de que a
vida é mais do que isso. Para quem já tem interesse em sair da prisão
intelectual, é muito importante ter disciplina para parar a mente, ter a
disciplina do silêncio, como praticado em todas as tradições espirituais:
cristianismo, budismo, yoga, xamanismo… Parar os diálogos internos, em todas as
tradições do desenvolvimento humano, tem sido visto como algo muito
importante. A pessoa precisa se alimentar de coisas a mais, do que
conceitos. O sistema educacional quer aprisionar o indivíduo, em um lugar onde
ele esteja submetido a uma educação conceitual forçada, como se não houvesse
outra coisa na vida. É muito importante, por exemplo, a beleza…a
capacidade de reverência, de admiração, de veneração e de devoção.
Isto não tem a ver necessariamente com uma religião ou um sistema de
crenças. É uma parte importante da vida interior que está se perdendo, da
mesma forma que estão perdendo, belas áreas da superfície da Terra, a medida
que se constrói e se urbaniza.
– Precisamente, quero saber sua opinião
sobre a crise ecológica que vivemos.
Ela é
uma crise muito evidente, é a ameaça mais tangível de todas. Você pode
facilmente prever que, com o aquecimento global, com o envenenamento dos
oceanos e outros desastres que estão acontecendo, muitas pessoas não poderão
sobreviver.
Estamos
vivendo graças ao petróleo e consumimos mais recursos do que a terra
produz. É uma contagem regressiva. Quando ficarmos sem o combustível,
será um desastre para o mundo tecnológico que temos.
As
pessoas que chamamos primitivas, como os índios, têm uma maneira de tratar a
natureza que não vem do sentido utilitário. Na ecologia, na economia e em
outras coisas, temos dispensado a consciência e trabalhado apenas com
argumentos racionais que estão nos levando ao desastre. A crise ecológica
só pode ser interrompida com uma mudança pelo coração, com a verdadeira
transformação que só um processo educativo pode dar. Com isto, eu não tenho
muita fé nas terapias ou religiões. Só uma educação holística poderia
evitar a deterioração da mente e do planeta.
– Poderiamos dizer que você encontrou um
equilíbrio em sua vida nesse momento?
-Eu
diria que mais e mais, apesar de eu não ter terminado a jornada. Eu sou
uma pessoa com muita satisfação, a satisfação de ajudar o mundo que
estou. Vivo feliz, se é que se pode ser feliz nesta situação trágica em
que todos nós estamos.
-A partir de sua experiência, da sua
carreira e sua maturidade, como você processa a questão da morte?
-Em
todas as tradições espirituais aconselha-se, a viver com a morte ao
lado. Você tem que chegar a essa evidência de que somos mortais, e que
levar a morte a sério não será tão vaidoso. Não teremos tanto medo das
coisas pequenas, quando temos uma coisa maior com que nos preocupar. Acredito
que a morte só é superada para aqueles que de alguma forma, morrem antes de
morrer. Precisamos morrer para a parte mortal, para a parte que não
transcende. Aqueles que tem tempo, suficiente dedicação e que vão
suficientemente longe nesta viagem interior, finalmente encontram seu
verdadeiro Eu. Este ser interior ou este ser que é um, é algo que não tem
tempo, e dá a uma pessoa uma certa paz ou um sentimento de
invulnerabilidade. Estamos tão absortos em nossas vidas diárias, em nossos
pensamentos de alegria, tristeza, etc…Não estamos em nós mesmos, não temos
conhecimento de quem somos. Para isso, precisamos estar muito sintonizados
com a nossa experiência de tempo. Esta é a condição humana, estamos
vivendo no passado e no futuro, no aspecto horizontal de nossas vidas, porém,
desatentos para a dimensão vertical da vida, para o aspecto mais alto e mais
profundo, nosso espírito e nosso ser. E a chave para este acesso, é o aqui e o agora.
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