O "RELACIONAMENTO" COMPARADO Á NATUREZA...

O "RELACIONAMENTO" COMPARADO Á NATUREZA...




As aves, (ou pessoas ) amarradas firmemente, fazem diversas tentativas de alçar vôo, sem sucesso.
Conseguem apenas saltar e de um lado para o outro, sem decolar do chão. Ficam irritadas uma com a outra e passam a se bicar, machucando-se mutuamente.
É quando intervém o sábio feiticeiro, (Tomada de consciência) estabelecendo uma analogia com o casal que o procurara. Explica a eles que, mesmo por amor, quando nos amarramos um ao outro, acabamos nos arrastando vida afora e, cedo ou tarde, passamos também a nos machucar.
De fato, ao nos apegarmos às pessoas, às coisas, aos costumes e crenças, fazemos com que as cobranças por aquilo que desejávamos tomem o lugar da aceitação por aquilo que o outro é. As frustrações, geradas pelos objetivos não alcançados, substituem a determinação de caminhar e crescer. A sombra das nossas projeções domina o horizonte e já não conseguimos mais enxergar nem a nós mesmos. Confundimos o outro e as coisas com aquilo que somos; depositamos no mundo externo a responsabilidade de nos fazer feliz. Perdemos de vista o brilho da alma, e o sentido da nossa passagem pela vida terrena fica turvo.
A liberdade, que nos faz sobrevoar as colinas da vida, permite uma visão equidistante e imparcial dos obstáculos. Estimula a tomada de consciência e apoia a nossa independência afetiva. Ao nos distanciarmos dela, corremos o risco de nos perdermos. Mesmo que por amor ao outro ou por nos sentirmos confortáveis o suficiente nas situações em que nos encontramos, temos que lutar para não sucumbir diante da ínfima possibilidade do aprisionamento.
A experiência de ser quem realmente somos é uma conquista sem precedentes. E cada pessoa volta a si mesmo em algum momento, de alguma vida, mesmo vivendo processos coletivos ou conjugais. Talvez seja nos livrando das nossas próprias amarras, que conquistamos esse estado de liberdade. Mesmo que demore a eternidade, a roda da vida está aí para prover o dinamismo cíclico.
Depois que a gente se aproxima um pouco mais da compreensão sobre o que é a liberdade da alma e desconstrói o ordinário, não dá pra voltar ao comum como antes. Como disse o filosofo: o rio não é o mesmo depois do primeiro banho.
Mas, se não nos livrarmos do apego, se não aceitarmos a impermanência das coisas, se não reconhecermos o todo dentro de nós, poderemos cair num grande engodo. É necessário aprender a viver separadamente e coletivamente. Ao estar consigo mesmo, verdadeiramente, podemos vibrar na sintonia do outro.
A exemplo das cordas do violino que, embora separadas, compõem a mesma melodia, na vida a dois e na vida em sociedade, também devemos preservar o equilíbrio entre nossa porção individual e nossa porção social. Manter o todo e a parte, o eu e o outro, dançando harmoniosamente pode ser uma tarefa complexa, mas é extremamente necessária para o nosso crescimento.

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