A DIFERENCIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA

A DIFERENCIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA  

As diferentes consciências são campos espirituais. A primeira delas, a consciência pessoal, é estreita e tem o seu alcance limitado. Através de sua diferenciação entre o bom e o mau reconhece o pertencer só de alguns e exclui outros.A segunda, a consciência coletiva, é mais ampla. Também defende os interesses dos que foram excluídos pela consciência pessoal. Por isso, está freqüentemente em conflito com a consciência pessoal. Contudo, essa consciência também tem um limite porque abrange somente os membros dos grupos que dependem dela.A terceira, a consciência espiritual, supera os limites das outras consciências que colocam limites através da diferenciação entre bom e mau e da diferenciação entre pertencimento e exclusão.  

 A CONSCIÊNCIA PESSOAL  

O vínculo 

Vivenciamos essa consciência estreita como boa e má consciência. Sentimo-nos bem quando temos boa consciência e mal quando temos má consciência.O que acontece quando temos uma boa consciência e o que acontece quando temos uma má consciência? O que precede à boa e à má consciência para que sintamos uma boa ou uma má consciência?Se observarmos exatamente, quando temos uma boa consciência e quando temos uma má consciência, podemos perceber que ficamos com má consciência quando pensamos, sentimos e fazemos algo que não está em sintonia com as expectativas e as exigências das pessoas e grupos aos quais queremos pertencer e que freqüentemente também precisamos pertencer. Isso significa que nossa consciência vela para que fiquemos conectados com essas pessoas e grupos. Percebe, de imediato, se nossos pensamentos, desejos e ações colocam em perigo nossa ligação e nosso pertencer a essas pessoas e grupos. Quando a nossa consciência percebe que nos afastamos dessas pessoas e grupos através de nossos pensamentos, sentimentos e ações, ela reage com o sentimento de medo de perdermos nossa ligação com essas pessoas e grupos. Sentimos esse medo como má consciência.Inversamente, quando pensamos, desejamos e agimos de uma forma que nos movimentamos em sintonia com as expectativas e exigências dessas pessoas e grupos, sentimo-nos pertencentes e temos a certeza de podermos pertencer. O sentimento de termos assegurado o nosso pertencer, sentimos como benéfico e bom. Não precisamos ficar preocupados de sermos cortados, de repente, por essas pessoas e grupos e nos experimentarmos sós e sem proteção. Sentimos como boa consciência, o sentimento seguro de podermos pertencer.A consciência pessoal nos liga, portanto, a pessoas e grupos que são importantes para o nosso bem-estar e nossa vida. Contudo, porque essa consciência nos liga somente a determinadas pessoas e grupos e, simultaneamente, exclui outros, é uma consciência estreita.Essa consciência nos foi de suma importância quando crianças. As crianças fazem de tudo para poderem pertencer, pois sem essa ligação e sem esse direito de pertencer estariam perdidas. A consciência pessoal assegura nossa sobrevivência junto às pessoas e grupos que são importantes para a mesma.. Por isso, a sua importância só pode ser altamente apreciada. Vemos também a importância que a consciência pessoal ocupa na nossa sociedade e cultura.  

Bom e mau 

Neste contexto podemos observar que as diferenciações que fazemos entre bom e mau são diferenciações dessa consciência. Elas estabelecem em que medida algo assegura o nosso pertencer e em que medida isso o coloca em perigo.O que assegura o nosso pertencer, vivenciamos como bom. Vivenciamos isso como bom através da boa consciência sem que precisemos refletir muito se é realmente bom quando observado mais exatamente a uma certa distância, ou se isso pode ser até ruim para outros. Aqui o denominado bom é somente sentido, é sentido como algo bom.Portanto, sentimos e defendemos o bom, de modo irrefletido, como bom, mesmo que para um observador que está fora desse campo espiritual pareça ser algo estranho que coloca mais em perigo a vida de muitos do que a serviço.Evidentemente que o mesmo é válido para o mau. Contudo, sentimos o mau mais fortemente do que o bom, porque está ligado ao medo de que percamos o pertencer e, ao mesmo tempo, também nosso direito de viver.A diferenciação do bom e do mau serve, portanto, à sobrevivência dentro do próprio grupo. Serve à sobrevivência do indivíduo no seu grupo.   

A CONSCIÊNCIA COLETIVA 

Atrás da consciência que sentimos ainda atua uma outra consciência. É uma consciência poderosa muito mais forte no seu efeito do que a consciência pessoal. Entretanto, em nossos sentimentos nos é relativamente inconsciente. Por que? Porque nos nossos sentimentos a consciência pessoal tem precedência em relação a essa consciência.A consciência coletiva é uma consciência grupal. Enquanto que a consciência pessoal é sentida por cada indivíduo e está a serviço do seu pertencer e da sua sobrevivência pessoal, a consciência coletiva tem em seu campo de visão a família e o grupo como um todo. Está a serviço da sobrevivência do grupo inteiro, mesmo que para isso alguns precisem ser sacrificados. Está a serviço da totalidade desse grupo e das ordens que asseguram a sua sobrevivência da melhor forma possível.Quando o interesse de cada indivíduo se contrapõe ao interesse de seu grupo, a consciência pessoal também se contrapõe à consciência coletiva.  A totalidade 

A consciência coletiva está a serviço de que ordens, e como as impõe?

A primeira ordem, a qual essa consciência serve, é: todo membro de uma família tem o mesmo direito de pertencer. Se um membro for excluído, não importam quais sejam os motivos, mais tarde, um outro membro precisa representar a pessoa excluída.A consciência coletiva se mostra, comparada à consciência pessoal como imoral ou amoral. Isso significa que não diferencia entre bom e mau nem entre culpado e inocente. Por outro lado, protege todos da mesma forma. Quer proteger o seu direito de pertencer ou reestabelecê-lo se isso lhe for negado.O que acontece quando esse direito é negado a um membro familiar? 

De certa forma, ele é reconduzido ao grupo por essa consciência, na medida em que outro membro dentro da família precisa representá-lo, sem que esteja consciente disso.Como essa volta se mostra? 

Um outro membro familiar assume o destino da pessoa excluída, representando-a. Ele pensa como essa pessoa excluída, tem sentimentos semelhantes, vive de forma semelhante, fica doente de forma semelhante, até mesmo morre de forma semelhante. Esse membro familiar está, dessa forma, a serviço da pessoa excluída e representa os seus direitos. 

É apossada, por assim dizer, pela pessoa excluída, entretanto, sem se perder a si mesmo. Quando a pessoa excluída recupera o seu lugar, esse membro familiar se libera dessa pessoa.Não é que a pessoa excluída queira que seja representada dessa forma, embora isso também aconteça algumas vezes, se ela deseja algo de mau para alguém da família. Em primeira instância, é essa consciência que atua e deseja a representação e o emaranhamento. Ela quer reestabelecer a totalidade do grupo.  O instinto Aqui, existe o perigo que nós imaginemos essa consciência como uma pessoa, como se ela tivesse metas pessoais e as seguisse após reflexões profundas.Essa consciência atua como um instinto. Um instinto grupal que quer somente uma coisa: salvar e reestabelecer a totalidade. Por isso é cego na escolha de seus meios.

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