SEPARAÇÃO!

Separação   


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Pergunta: Trabalho com muitos casais em processo de separação. Às vezes tudo vai bem, mas às vezes ocorrem problemas horríveis. Existe uma dinâmica sistêmica que influencia isso?

Hellinger: As pessoas não raro optam por sofrer durante muito tempo, antes de se sentirem livres para liquidar uma má situação, porque não querem ferir o parceiro ou porque receiam o que os outros vão dizer ou pensar. Usualmente, a pessoa deseja um espaço novo e maior, mas não acha justo trabalhar por isso porque assim irá magoar alguém. Ela age como se o seu próprio sofrimento pudesse neutralizar o sofrimento do parceiro ou justificar suas ações aos olhos dos outros. Por isso o processo de divórcio é tão demorado.

Quando a separação se dá finalmente, ambos os parceiros se veem diante das possibilidades e riscos de um novo começo. 

Se um deles rejeitar a oportunidade de um novo começo e ignorar a possibilidade de criar algo de bom, preferindo apegar-se à dor, fica difícil para o outro parceiro libertar-se. Por outro lado, se ambos aproveitarem as oportunidades surgidas e fizerem alguma coisa com elas, ambos se libertarão e ficarão aliviados do fardo. Entre todas as possibilidades de perdão nas situações de divórcio e separação, esta é a melhor porque traz harmonia mesmo quando a separação ocorre.

Se a separação é dolorosa, há sempre a tendência a procurar alguém para incriminar. Os envolvidos tentam aliviar o peso do destino arranjando um bode expiatório. Em regra, o casamento não se desfaz porque um parceiro é culpado e o outro inocente, mas porque um deles está assoberbado por problemas de sua família de origem ou ambos caminham em direções opostas. 

Se se incrimina um parceiro, cria-se a ilusão de que algo diferente poderia ter sido feito ou de que um comportamento novo resgataria o casamento. Nesse caso, a gravidade e a profundidade da situação são ignoradas, os parceiros começam a recriminar-se e a acusar-se mutuamente. A solução para combater a ilusão e a crítica destrutiva é resignar-se à forte dor provocada pelo fim do relacionamento. Essa dor não dura muito, mas é lancinante. 

Se os parceiros se dispuserem a sofrer, poderão tratar do que merece ser tratado e dispor as coisas que precisam ser dispostas com lucidez, ponderação e respeito mútuo. 

Numa separação, a raiva e a censura em geral substituem o sofrimento e a tristeza.Quando duas pessoas não conseguem se separar civilizadamente, isso se dá, às vezes, porque não souberam tomar plenamente um do outro aquilo que lhes foi oferecido.

Devem, pois, dizer-se: “Recebi o que de bom você me deu e vou guardá-lo como um tesouro. Tudo o que dei para você, dei-o com gosto; portanto, guarde-o também. Assumo a minha parcela de responsabilidade pelo que saiu errado entre nós e deixo-lhe a sua. 

Agora partirei tranquilo.”Se conseguirem dizer-se isso com toda sinceridade, podem separar-se em paz.


A Simetria Oculta do Amor – Bert Hellinger



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